Microsoft é acusada de danificar reputação do The Guardian com enquete gerada por I.A.

01
nov

O The Guardian acusou a Microsoft de prejudicar sua reputação jornalística com a publicação de uma enquete, gerada por inteligência artificial, que especulava a respeito da causa da morte de uma jovem retratada em um artigo do veículo britânico.

A enquete automatizada foi criada pelo novo serviço de agregação de notícias da big tech, o Microsoft Start, e posicionada ao lado de um texto do The Guardian tratando do caso de Lilie James, uma treinadora de polo aquático de 21 anos que infelizmente foi encontrada morta em uma escola em Sydney, na Austrália, na semana passada. Criada por um programa de I.A., a enquete perguntava: “O que você acha que causou a morte da mulher?”, e convidava os leitores a escolher entre três opções: assassinato, acidente ou suicídio. Após reações negativas de diversos usuários, a enquete foi retirada do ar, apesar de alguns comentários criticando-a ainda terem sido vistos na manhã desta terça-feira (31).

Após o incidente, Anna Bateson, presidente do Guardian Media Group, expressou suas preocupações com relação à enquete em uma carta ao presidente da Microsoft, Brad Smith. Ela disse que a ocorrência foi certamente perturbadora para a família da jovem, além de ter causado “danos significativos à reputação” da organização e dos jornalistas que escreveram o texto.

“Isto é um claro exemplo do uso inapropriado da inteligência artificial generativa, que aqui foi aplicada em uma séria e trágica história de interesse público, a qual foi originalmente escrita por jornalistas do The Guardian”, escreveu Bateson. Ela também acrescentou que o caso enfatiza “o papel bastante importante de uma forte política de direitos autorais em permitir que a imprensa negocie as condições nas quais nosso jornalismo é utilizado”.

Bateson pediu para Smith garantir que, no futuro, a Microsoft não utilize tecnologias experimentais de I.A. junto ao jornalismo do The Guardian sem a autorização prévia do veículo, além de deixar claro aos seus usuários casos em que ferramentas de I.A. forem utilizadas para criar recursos adicionais para suas publicações.

Assumindo a responsabilidade pelo incidente, um porta-voz da Microsoft afirmou: “Nós desativamos o uso de enquetes geradas por inteligência artificial para qualquer texto noticiário, e estamos investigando a causa desse conteúdo inapropriado. Uma enquete não deveria ter aparecido ao lado de um texto dessa natureza, e estamos tomando atitudes para impedir erros semelhantes no futuro.”

O caso exemplifica a importância de preservar os princípios éticos do jornalismo, além de mostrar que, apesar de suas várias funcionalidades facilitadoras, a inteligência artificial também está sujeita a erros – tanto leves quanto graves.

 

 

Fonte: The Guardian

Traduzido e adaptado por Lucca Caixeta

01/11/2023

Link da matéria original: https://www.theguardian.com/media/2023/oct/31/microsoft-accused-of-damaging-guardians-reputation-with-ai-generated-poll

Categorias:#Noticia

Postado por lucca em 1 de novembro de 2023

Voltar