“Padrinho da Inteligência Artificial” deixa Google em meio a preocupações éticas

03
maio

No início desta semana, Geoffrey Hinton, pioneiro na inteligência artificial e líder da divisão de pesquisa em IA do Google por 10 anos, renunciou ao seu cargo na gigante tecnológica, citando, de acordo com o The New York Times, uma crescente preocupação com as implicações éticas da tecnologia que ele ajudou a criar: “Eu me consolo com uma desculpa típica: se não fosse eu, outra pessoa teria feito isso. É difícil enxergar como se pode impedir que maus agentes utilizam a tecnologia para coisas más”, disse Hinton ao jornal.

Desde 2013, o cientista da computação de 75 anos dividia seus trabalhos entre a Universidade de Toronto e o Google, que naquele ano havia adquirido sua startup de pesquisa em inteligência artificial, DNNresearch. Apelidado de “O Padrinho da IA” por seus trabalhos revolucionários em redes neurais e deep learning, Hinton também deixa o Google procurando falar mais abertamente sobre os potenciais riscos da inteligência artificial, em meio a uma intensa disputa entre essa e outras companhias de tecnologia na criação do programa mais sofisticado possível.

Na última segunda-feira (01), logo após a publicação de sua entrevista concedida ao NY Times, Hinton twittou sua saída do Google e seus motivos, acrescentando que a empresa “tem agido com muita responsabilidade”, dando a entender que a saída do pesquisador ocorreu em bons termos. Segundo o jornal, Hinton também falou por telefone com Sundar Pachai, CEO da Alphabet, proprietária do Google, mas se recusou a divulgar publicamente os detalhes da conversa.

O Insider fez contato com Jeff Dean, cientista-chefe do Google, que expressou sua gratidão a Hinton e contextualizou os próximos passos da companhia: “Geoff (Hinton) é responsável por avanços fundamentais em IA, e nós agradecemos a ele por sua década de contribuições ao Google. Continuamos nos dedicando a uma abordagem responsável da IA, e estamos aprendendo a compreender riscos emergentes ao mesmo tempo em que fazemos inovações significativas.” Outros que manifestaram sua admiração por Hinton nesta semana foram Yann Lecun, cientista-chefe de IA da Meta, e Yoshua Bengio, professor da Universidade de Montreal e diretor científico do MILA (Montreal Institute for Learning Algorithms).

Coincidentemente ou não, o movimento do pioneiro ocorre pouco mais de um mês depois de mais de 1000 pesquisadores de IA assinarem uma carta aberta promovendo uma pausa de 6 meses no desenvolvimento de sistemas mais poderosos que o GPT-4 da OpenAI, por conta deles apresentarem “riscos profundos à sociedade e à humanidade, o que foi exibido por uma extensa pesquisa e reconhecido por laboratórios de IA de primeira linha”. O Insider também conta que outros dos principais pesquisadores de inteligência artificial do mundo também vieram a público recentemente para alertar sobre seus impactos sociais, políticos e ambientais, além da “falta de transparência, responsabilidade e diversidade” dentro do campo.

 

 

Traduzido e adaptado por Lucca Caixeta

03/05/2023

Fontes:

VentureBeat https://bit.ly/3Lv3eIL

Insider https://bit.ly/3AQwgNT

MIT Technology Review https://bit.ly/3oXpxiq

Categorias:#Noticia

Postado por lucca em 3 de maio de 2023

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